terça-feira, 2 de novembro de 2010

Era, uma vez, o primeiro amor.

Ela: Bateu os olhos em alguém, sentiu-se uma princesa mesmo que nada acontecesse. Ela sabia: aquela pessoa era especial. Passaram-se dias e noites e aquele olhar sorridente não lhe saía do pensamento. Com o tempo ela tentava se aproximar daqueles olhos que a chamavam, sempre sorrindo. Ela tentou conquistar aquele olhar, até descobrir que ele se chamava ilusão. Nenhuma das suas tentativas deram certo. Ela jurou ser forte, jurou esquecer. Conquistou milhares de outros olhos (embora nunca tenha sido conquistada por eles), mas em cada um deles enxergava o brilho do primeiro. Bastante tempo se passou, ela não esquecera aqueles olhos, mas já havia aprendido a viver sem eles. Ela cresceu, sabia que um dia teve seu primeiro amor, e que o primeiro nunca esquecemos, mas sabia também que não podemos ser levados pela ilusão. Ela aprendeu a se virar, com todas as vezes que se deixou levar pelas ilusões. Cresceu, viveu, amou, faleceu.

O primeiro amor: Logo que ela havia desistido dele, começou a namorar sua melhor amiga (que logo passou a ser ex). Ambos souberam da morte dela e estiveram presentes no enterro. A ex-amiga tinha vontade de rir, pois ela tinha tudo o que a outra sempre quis ter. O primeiro amor chorava, e em pensamento pedia desculpas, dizia que, só quando ela não o quis mais, viu o quanto ela era importante pra ele. Dizia que procurou ela na sua melhor amiga, e só depois se deu conta de que ele só foi usado para fazê-la mal. Se deu conta de que a amiga sentia inveja, pois sabia que a falecida sempre foi melhor que ela. Depois do enterro, voltou para casa e lembrou-se de um caderno que, há 17 anos atrás, ela havia entregado a ele, dizendo: Abra-o quando se sentir sozinho, a partir de hoje estou te apagando de mim. O primeiro amor abriu, folheou o caderno... só haviam folhas vazias, em branco. Na última folha, em um canto rabiscado, estava escrito:
"Este é o fim, todas essas folhas em branco são as letras que você deixara de escrever, a vida que você deixara de viver. São traços que você deixara de construir, cores que você esquecera de pintar. Hoje, você se sente sozinho? Você passou a vida sozinho, e nunca se deu conta. Escolheu viver ao lado da ilusão, sem dar um passo a frente. Não viu que eu estava logo ali? Não viu que, por mais que eu tentasse, nunca te apaguei de mim? Presumo que agora seja tarde demais, mas meu coração ainda é teu, meu primeiro amor."
O primeiro amor chorou, e resolveu que iria tirar os obstáculos do caminho para dar um passo a frente.
É triste quando precisamos perder algo que amamos para, só então, enxergar o quão errado era o modo que vivíamos. Sempre ao lado da ilusão, sempre ao lado do que parece mais fácil. Nunca avançando, sempre regredindo.
Mas, bem. A perda faz parte da vida, e temos que lidar com isso. Às vezes há males que vêm para o bem. Perder nem sempre é ruim, às vezes aprendemos com isso. Espero que você viva a vida sem arrependimentos, e aproveite a vida ao lado dos que te querem bem para, no dia da morte do próximo, não chorar por estar arrependido do que não fez. Chore consciente dos momentos felizes que viveram juntos. E que hoje, dia de finados, você não tenha apagado os que se foram do seu coração. Eles vão sempre querer o teu bem.

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